Significativa parcela de empresários contábeis reajusta os honorários no mês de janeiro, momento em que, além da atualização com base em algum índice que mede a inflação, também revisa a necessidade de majoração adicional. Fácil?!
Honorário é a remuneração ao profissional pela prestação de serviços. A definição é muito simples, assim como a metodologia empregada para calcular. Porém, engana-se quem pensa que os contadores sentem-se seguros para determinar os honorários (preço) para seus clientes. Se tudo é tão descomplicado, qual é o motivo da insegurança?
Para compreender um pouco a dificuldade ou, para você que é empresário contábil, observar que não está sozinho neste barco, adotemos um exemplo corriqueiro no meio empresarial. No mês de março duas pessoas decidem constituir um pequeno comércio de brinquedos, loja de rua, que além dos proprietários terá um empregado, previsão de faturamento mensal de R$ 30 mil e que, por sugestão do contador, optaram pelo regime tributário do Simples Nacional. Com base nestas breves informações normalmente são apresentados os honorários, tarefa que alguns preferem investigar com mais rigor.
Em janeiro, depois de quase um ano de atividade, os honorários serão reajustados: é suficiente repor a inflação do período ou as alterações ocorridas no formato da prestação de serviços sugerem a readequação do preço?
O processo para definir os novos honorários pode ser dividido em três etapas: 1ª) analisar o volume de serviço no período já fechado (março a dezembro); 2ª) apurar os custos atuais para a prestação de serviços; por fim, pesquisar o mercado e tomar a decisão. Abordaremos um pouco mais cada um dos processos, mas aos que desejam aprofundar-se no assunto indico os livros “Honorários contábeis” e “Como ganhar dinheiro na prestação de serviços”, ambos de minha autoria e que contém, além da teoria, exemplos práticos.
- Análise do volume de serviços: este tem sido o maior obstáculo para a adoção da metodologia que acima descrevi como simples, pois exige a anotação dos tempos aplicados, o que é realmente muito fácil, mas requer disciplina. Se você trabalha sozinho, ou seja, não tem empregados e poucos clientes, talvez consiga calcular o tempo que investe em cada um deles sem que haja apontamento. Mas se possui uma equipe, como fazer isto? Uma forma é reunir o grupo e estimar o tempo médio com cada cliente. Estimar, eis o problema, pois sem informações concretas as chances de errar são altas. Há softwares que contribuem para tal aferição, e depois de algum tempo com as tarefas apontadas é só emitir o relatório com o tempo médio aplicado em cada cliente. Se você não tiver esta ferramenta, deverá ao menos revisar os dados do cliente no mês em que foi definido o primeiro preço (número de empregados, faturamento e regime tributário) para comparar com a configuração atual.
- Apuração dos custos atuais: para saber o preço sugestivo da hora trabalhada apure todos os custos envolvidos na prestação de serviço, determine a margem de lucro desejada e divida pelo número de horas totais que a empresa disponibiliza (número de trabalhadores multiplicado pelas horas disponíveis). Conhecendo o preço sugestivo da hora basta multiplicar pelo tempo utilizado em cada cliente para saber os novos honorários a propor.
- Pesquisa e tomada da decisão: sabemos que os custos não são determinantes para fixar o preço de qualquer produto, muito menos dos serviços. É necessário fazer a pesquisa de mercado e dos valores que o cliente percebe no seu serviço ou na sua empresa. Após esta análise é chegado o momento da tomada de decisão, tarefa que alguns procrastinam ou até desistem, por medo de perder o cliente. Quando se está seguro das informações apuradas, é mais natural a tomada de decisão.
Quando a empresa aponta o tempo nas tarefas executadas, mantém o controle dos custeios e pesquisa o mercado e o cliente, a tarefa de precificar torna-se bastante simples.
TATIANE VIGANO SOARES
18/02/2019